Os males do bom mocismo

Em qualquer manual de liderança há de se encontrar na enumeração das qualidades essenciais ao líder a referência à coragem moral, ao espírito de justiça, à capacidade de decidir e escolher outros atributos imprescindíveis aos chefes, estão na dependência da coragem moral. Esta por várias vezes é muito mais difícil que a sua congênere física. Certos indivíduos, por absurdo que pareça, têm maior facilidade em cometer um ato de bravura em face ao inimigo do que contrariar um interesse em castigar os maus, os relapsos, os inescrupulosos. É um caso de deturpação da bondade natural que é uma apanágio de quem chefia. Ser bom sim, mas sendo justo!

MOUROIS, em sua “ARTE DE VIVER” , acentua: “… às vezes o sacrifício de alguns é necessário para salvar um grande número de outros.” O chefe pode e muitas vezes deve ser severo, mas não tem o direito de ser mal nem cruel, nem rancoroso. E com isso justifica e aplaude a ação de JOFFRE que, no início da primeira guerra, castigou vários generais, seus amigos, retirando-os do comando na frente de batalha e enviando-os para a retaguarda em Limoges. Para decidir agir contra seus próprios amigos, o grande vencedor do Marne, precisaria estar escudado, encouraçado em sólida firmeza de caráter. É de nossos dias o episódio da punição do general PATTON e famoso comandante do 8º (oitavo) exército americano, pelo general EISENHOWER para fazer justiça a um soldado! E, ainda mais recente, o acontecimento que empolgou o mundo,  quando o presidente dos Estados Unidos, sumária e energicamente, exonerou de suas elevadas funções o general MAC ARTHUR, por muitos considerado, graças ao prestígio excepcional, como “1º (primeiro) Consul da Ásia”.

É que, em todos estes casos, não faltou coragem moral e o consequente amor à responsabilidade de tal relevância. Chefe eles eram, ou líderes – como hoje se vai tornando generalizado a classificação – porque não recuaram antes das decisões mais penosas e dramáticas. JOFFRE, além de transformar amigos em inimigos, expô-se à falha dos interesses.

EISENHOWER, embora estimulado pela Nação americana através da condenação do parlamento ao alto de agressão de PATTON, arriscou-se a enfrentar ressentimentos perigosos ao bom êxito de seu comando. Como do resto insinua em seu  livro “A CRUZADA NA EUROPA”. TRUMAN, finalmente ao demitir MAC ARTHUR aventurou-se a provocar uma “questão militar”.

As consequências, em todos os casos, poderiam ser as mais desastrosas possíveis. Mas foram enfrentadas com determinação e firmeza que traduzem esta energia serena, que é a marca dos fortes. Do contrário seria uma subversão total do mérito de valores humanos. Não poderia, o chefe  – é força salientar que chefe o é, o simples Cabo-Comandante de uma Esquadra! –  trocar o senso de justiça pelo desejo obsessívo de agradar subordinados. E, por decorrência, deixa de promover a responsabilidade dos faltosos, de abdicar o dever de corrigir os transgressores de lutar contra os descertos e falta de exação no cumprimento das obrigações. De bons e maus, competentes e incompetentes, honesto e desonestos, idealistas e interesseiros, descrentes e prevaricadores. Isso porque, sem dúvida, o “BOM MOCISMO” é a morte do estímulo de vez que marca a justiça, corrompe os fracos, fortalece os maus e muitas vezes precipita nos abismos do derrotismo amargo os próprios bons, desalentados e cansados de lutar sozinhos

Por isso, fica aqui a nossa advertência, no sentido de que é preciso nos proteger de tão grave defeito que incapacita alguns homens de dirigir seus semelhantes.

NPOR – 32º GAC – 1995         NOTA DE AULA                                              BRASÍLIA-DF

MATÉRIA – CULTURA E LIDERANÇA

p.s: texto produzido pelo Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva, ipsis litteris, sendo responsabilidade deles a questão ortográfica e gramática, não querendo este Revisor se intrometer na “competência” dos militares que produziram o texto acima.

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Respostas de 5

  1. Meu amigo você escreve muito bem e com muita sensibilidade. Tem que escrever mais e publicar!
    Parabéns!

  2. Esse texto somente reafirma que é necessário às vezes ah cumprir um papel exigente de um líder e não ser um capacho o simples amigo do rei. O que acontece atualmente num país chamado Nárnia onde liberaram um meliante e onde somente amigos do rei têm posições, em troca de altos salários benesses em detrimento do o povo da nação como um todo infelizmente. Num país como esse não há muita perspectiva de melhora, não há nenhuma perspectiva de sair desse buraco em que se encontra, principalmente porque a metade desse povo de Nárnia é um povo ignorante um povo que se vende por benesses ou migalhas dada pelo governo desse país de Nánia e promessas vazias desse meliante só seguindo esse texto na verdadeira atuação de homens de valor e de moradores desse país com consenso de justiça e atuação e não de covardia como se vê, que alterará essa situação porque sabemos que o atual governo de não largará o osso sem uma atitude drástica desse povo em grande parte covarde, comodista e que se preocupa com o próprio umbigo.

  3. O texto reflete o pensamento sob uma ótica realista em que está inserido, ao menos temporariamente. Contudo, o tema é palpitante, necessitando ser observado de outros prismas.

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